segunda-feira, novembro 20, 2006

Casamento - muito para além de um estereotipo sócio-cultural

«Sempre fui solteiro mesmo quando comprometido. Por dentro, comprometido. Por dentro, romântico e incurável. Por dentro, jurando viver toda uma vida com aquela mulher. Por dentro, sincero e pavorosamente simples. Já ouvi que sou ingênuo. Tentei ser teimoso, descrente e partidário. Não funcionou, porque não me interessa a realidade, interessa-me se é possível. Sendo possível, insisto.Não sirvo para imitar. Não sirvo para emprestar, dou e não reclamo. Dou.
Sou dos homens o pior. O que não se vê sem uma mulher o ver. Valorizo o que sou quando recebo de volta. Eu me atravesso numa mulher. Nem saio se ela não estiver em mim.Nenhuma dor me separou da ilusão de estar comprometido. Minha voz é comprometida, meus braços são comprometidos, minhas pernas são comprometida.Sou tão comprometido que subestimo a separação. Separação não existe!
O máximo que acontece é se afastar. Não há como apagar o que se avançou. Não há como riscar os beijos, as quecas, a intimidade vivida. Os beijos não deixam pegadas. Não há como eliminar o que já faz parte do seu movimento, do seu caráter, do seu modo de segurar as palavras. Afastar-se é observar de longe, não abandonar.Quem não é comprometido por dentro nunca será comprometido por fora.
É uma escolha, não um estado civil. Um homem comprometido não depende de uma aliança para mostrar compromisso. Ele é a aliança.»

Adaptado de Fabrício Carpinejar

3 Comments:

Blogger vOAvOA said...

Este homem reconhece dentro dele algo genuíno!
Vem-me à memória algo que escrevi em tempos: (...)acreditar no brilho agarotado dos olhos de quem fica enamorado, no romance que conheço dos livros e no erotismo espontâneo de quem não quer partir...".

terça-feira, novembro 21, 2006  
Blogger fiona bacana said...

a questão, para mim, é: porque é que a exclusividade faz parte do nosso protótipo de formato de relação? Se não tivessemos essa expectativa era tudo tão mais fácil...
excelente post.

terça-feira, novembro 21, 2006  
Blogger Lowprofile said...

Fiona bacana:
tens razão, toda a experiência humana seria bem mais fácil e ´leve` se nos libertassemos de quaisquer estereótipos.

Mas o factor sócio-cultural adquire um peso substancial ao longo dos anos e por isso, tal como outrora já escrevi, aqui vai:

«Todo o ser humano procura uma certa exclusividade e sobressair em qualquer área da Vida (prova disso até são os Prémios Nobel)!
E, nesse lugar só nosso, porto seguro, a exclusividade é motivo de orgulho e não fraqueza. Porque liberdade entre um casal permite expansão mútua. é fundamental observar o mundo lá fora, permite valorizar e apreciar cada vez mais o que nos pertence. O que não implica a libertinagem, fria e crua, para quem é apologista da carne fraca.»

terça-feira, novembro 21, 2006  

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